Sobre a Oficina


Publiquei anteriormente a proposta da oficina. Agora faço alguns comentários sobre esta.

Não foi possível, por não conseguir alinhar com o tempo dos professores, realizar a oficina na nossa escola de trabalho até então, o Odorico Tavares. Ela foi realizada no Colégio Luís Viana.

Percebemos que os alunos não realizavam a associação entre conteúdos vistos nos anos anteriores com o que era visto nas experiências de solubilidade demonstradas, um problema para quem estuda ciências. A questão de realizar a oficina numa escola que não tínhamos ido anteriormente (ela foi planejada em cima das duas visitas anteriores ao Odorico) parecia que iria prejudicar o desenvolvimento da nossa atividade, o que não foi o caso: tratando da Química, os problemas identificados no Odorico eram os mesmos para o Luís Vianna.

O que mais me chamou atenção, foi a confirmação do quão inusitável é a profissão do professor: por mais aque se planeje (fundamental no desenvolvimento de suas atividades) sempre vai ocorrer alguma situação que não estava nos planos do professor e ele não tem um "procedimento" de como lidar com aquilo. Isso torna a profissão extremamente peculiar, desafiadora e nem um pouco "tecnicista".

Proposta de oficina.


Tem tempo... Mas eu posso explicar.

Desisti de estar atualizando o blog, aula a aula, porque não estava me sentindo bem com os textos. Estava "escrevendo por escrever" e não sou muito disso. Assim, mudei. Se a resposta não convence, tenho outra: o blog é meu e modifico sua rotina de postagens como quiser... sem querer parecer rude, naturalmente.

Pois bem. Vou falar um pouco sobre o que, eu e a Claudiane na última aula, resolvemos sobre a nossa proposta de oficina para realizar com alunos do terceiro ano do Colégio Odorico Tavares, destacando somente alguns pontos da proposta.


Objetivo: Fundamentar os conceitos apreendidos de solubilidade e tentar relacionar com interações entre partículas fundamentais (bonito isso, não?).

Justificativa: Aproximar a química estudada do cotidiano dos estudantes. Mostrar como esse tema está relacionado com coisas que fazemos no nosso dia-a-dia e como ele pode ser importante para tomar algumas decisões, na cozinha, no mercado...

Método: os estudantes presenciarão e realizarão experiências comuns envolvendo a solubilidade. Fazendo um café, dissolvendo sal ou açúcar... vamos perguntar o que eles "acham que aconteceu" e depois dar um conhecimento mais "acadêmico" do fenômeno, verificando as relações entre as respostas e sua compreensão.

Aula 7_30.09.10





Começamos essa aula trocando experiências a respeito das visitas às escola, centrado em três eixos: PPP, Estrutura física e Condições de ensino.

Diversos pontos foram levantado, o que posso destacar como comum é sobre os PPP´s, onde em quase nenhuma escola visitada havia e, quando havia, estava velho e desatualizado, servindo para espirros dos alérgicos, como eu.

Pois bem, num segundo momento iniciamos uma discussão sobre Planejamento. Nesse sentido li um texto de Celso Vasconcellos sobre o tema, um dos caras "bam-bam-bam" nessa área atualmente no país, segundo Alessandra, professora.

Para o autor, o professor que planeja não deve perder de vista a travessia que devemos ansiar, passar do Ensino Tradicional à educação dialética-libertadora. A finalidade do planejamento é "criar e organizar o trabalho", dividindo-o em dois: Planejamento do Curso e Plano de aula.

Ele afirma mais de uma vez que o seu texto deve servir como um guia e não como um manual, já que propondo o contrário estaria negando o fato de ser uma aula um acontecimento único; sendo que o professor deve saber da existência do inevitável e não, como tal palavra literalmente se classifica, estar esperando-o sentado como quem espera alguém que está atrasado. Não é possível.

Fornece-se uma esquema de estrutura básica para o projeto: Análise da realidade - Projeção de finalidades - formas de mediação; sendo que esses três pontos convergem numa "Realização Interativa" para o Plajemanto em questão.

Esses pontos se subdividem no decorrer de seu texto, tratando essencialmente da atenção que se deve dar à realidade de cada turma/local onde se ensina, às finalidades e competências da escola e o tratamento do conteúdo em si e suas inter-relações, destrinchando esses aspectos para o Planejamento do curso e o plano de aula.


O texto foi extraído do livro: Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto político-pedagógico - Elementos metodológicos para elaboração e realização, 10ª edição. Celso dos Santos Vasconcellos - SP, 2002; págs. 132-156.

Aula 5 e 6_9 e 16 de Setembro


Dois em um porque me atrasei por estas bandas.

A aula do dia 09 foi reservada para a disucussão abrangendo problemas das áreas do pessoal da turma. Basicamente, o que gostei, foi poder compartilhar problemas para o ensino em outras áreas, principalmente as colocadas pelo pessoal de letras, que são maioria na turma. Questões como a do pessoal de estrangeira perder mercado para quem fez viagem ao exterior colocam em xeque o "por que" das licenciaturas e sua real função e representatividade social.

Quanto a visita do dia 16, feita ao colégio Odorico Tavares, não tive grandes surpresas quanto ao que já esperava encontrar. Uma estrutura de laboratórios (química e física) e biblioteca secundarizados, o PPP constituindo-se num documento enorme e de páginas amareladas... Indo por aí. Infelizmente não deu pra conversar com professores da área (estavam, com em toda Quinta pela manhã, em reunião do pessoal de ciências) para tentar ver se ao menos há motivação por parte deles no que toca ao trabalho.

A escola é enorme e com capacidade física para realizar várias coisas, mas deixa isso no plano das idéias.

Ao chegar no Odorico, a visão: estudantes por detrás das grades de entrada querendo comprar o seu lanche, na "tia" que fica na frente, impedidos de sair antes do término do horário das aulas.

Aula 4_02.09.10


Bem, discutimos o texto do Tardiff sobre os saberes da docência. Havia dito que não iria escrever sobre esse texto e mantenho minha palavra: vou escrever sobre duas partes dele que me chamaram particularmente a atenção.

Primeiro, que ocorre logo no início do texto, é quando o Tardiff vai tentar colocar sobre a importância da docência em termos conceituais. Antes, o simples fato de saber já tornava possível ensinar, quando as ciências e os saberes eram, por assim dizer, mais "puros": física, medicina, etc. Com a evolução e o aumento da complexidade nos saberes "primários" fez-se necessário a evolução também do "ensinar". Desse modo justifica-se a necessidade, mínima, de uma atenção aos saberes que envolvem a docência, que são heterogêneos e alguns bem peculiares.

Sobre a relação entre os docentes e esses saberes pesa um dos fatores que o autor apontou como causa da desvalorização dos professores. A relação é de distanciamento, o professor não interfere na elaboração do que deve ensinar e é empurrado pelos sistemas (escolares, curriculares, etc.), muitas a vezes, no "como deve" ensinar. Esse distanciamento interfere (1) na qualidade do ensino que deve prestar o professor e, conseqüentemente, (2) na desvalorização em si do trabalho dele.

Aula 3_26.08.10

Bem, menti quando disse que discutiria aqui o texto do Tardiff. Fizemos (a equipe que fiz parte nessa aula) um resumo de tópicos do texto em sala nesse dia. Se necessário, depois copio por aqui.

Hoje, vou me ater a apresentar um "textinho" que a Alessandra pediu que desenvolvesse para a próxima aula.



Reflexões sobre o ensino de Química

Bem, sendo a Química uma ciência iniciada comumente no Ensino Médio, a ele vou me restringir.

Essa ciência deveria seguir exatamente o papel que deveriam caber às disciplinas no ensino médio: preparar a pessoa para entender o mundo ao seu redor. Nesse sentido a Química cumpre um papel no mínimo interessante, no que confere a certas habilidades que um aluno deste nível tem (ou deveria ter) a capacidade de desenvolver, como saber se ele pode misturar marcas diferentes de shampoo e condicionador, entender o funcionamento de uma panela de pressão e qual o detergente ou sabão em pó mais adequado para lavar e preservar o meio ambiente ao mesmo tempo, dentre várias outras habilidades.

A grande questão que pesa sobre o ensino de Química é que ela parece ser “ensinada” para (1) transmitir e somente transmitir os conceitos da química, sem aplicabilidade indicada, sem um histórico adequado ao entendimento e (2) preparar para as provas de Química em diferentes vestibulares. “Aprende-se” Química, como em boa parte das ciências, num método transmissor que força a imaginação do aluno do microscópico para que ele, então, numa odisséia interior, consiga chegar ao macroscópico. Conceitos sem o menor nível de fundamento são transmitidos e os alunos forçados a engoli-los e mentalizá-los.

A questão é que é a Química a mais experimental das ciências (por uma série de motivos que não cabe discutir nesse texto) e não há como uma interação com essa ciência na base do giz e quadro o tempo inteiro.

Os assuntos da disciplina deveriam ser ensinados levando em consideração a pergunta: “para que serve o Ensino Médio?”. Se, minimamente, abraçasse à resposta a esta pergunta, uma parte do problema seria resolvido. Outra parte se resolveria quando começasse a sair do macroscópico (contextualizado à realidade do aluno) para o microscópico.

Aula 2_19.08.10







Feita uma circunferência com as pessoas sentadas ao chão, foi essa, no "fim das contas", uma excelente proposta para a turma se apresentar. Pelo lado de cá, garanto que dificilmente esquecerei o rosto dos que estavam na última aula, quanto aos nomes já é mais complicado.

Tem de "figuras" (Camilo), centro de atenções (Helen, Beatriz), conhecidos (Letícia, Marcos) aos tímidos (que não lembro os nomes, naturalmente). Só curioso pelo decorrer do semestre.

O texto do Tardiff li na primeira Didática, um dos poucos que gostei e que não carrega aquele tom redundante que parece imperar nos textos de educação. Vamos ver como serão os próximos, o do Tardiff comento depois que ele for discutido em sala.

Aula 1_12.08.10
















Aos leitores do meu outro blog que por acaso se aventurem por aqui: parem. Este não é o diário dos meus anseios, amores ou algo do tipo... Como podem ver pela descrição.

Foi feito a pedido e especialmente para Alessandra, que não não se trata de modo algum "da minha Dulcinéia", esse blog é uma espécie de diário, que pretende (repito, pretende) ser escrito entre as aulas semanais da disciplina de Didática e Práxis Pedagógica II. Pode conter de descrições e opiniões a respeito de determinada aula até um comentário sobre assunto diverso.

...

Sendo este um diário, vou me permitir informalidades: tanto na escrita, quanto nos jargões.

Minha percepção é da escola pública, que freqüentei desde a minha 3ª série. Não tenho elogios a tecer nem uma panorama de evolução positivo a traçar, como gostaria de fazer. Quando perguntado "por que estuda" o estudante responde que "está se preparando para o mercado de trabalho", isso é, quando responde. É uma pena. A escola deveria se preocupar com a formação do ser social, não com o ser mão de obra, mercado de trabalho.

Somos empurrados por uma consciência caduca e que perdura, que nos ensinam por jargões que louvam a individualidade. O mercado é duro e já começamos a competir na escola.

Acho que nem preciso comentar sobre reformas curriculares, revoluções quanto ao método de ensino, melhor formação de professores, verbas para a educação e educação para todos como algumas formas de melhorar o ensino no Brasil.

Até o Ensino Médio, deveríamos estar preparados para entender o mundo pelas ciências que estudamos, naturalmente também estar prontos para atuar de modo consciente neste. Mas a educação não se presta a este serviço.

Também não creio que do ensino saia a revolução (de consciência, política ou social). Contudo, tem o educador a capacidade de mitigar consciência numa sala de aula, não é e não tem como se ter uma didática neutra. Espero, ao longo do semestre, que possa firmar essa idéia que tenho e desenvolver os mecanismos necessários para fazer com que meus futuros alunos possam entender o mundo (ao menos ao que cabe à Química) e atuar de modo consciente neste, com lutas constantes e sagacidade.